Introdução
Montagem de aulas sempre foi um problema para o Professor de Pilates?
Não sei exatamente se sim ou não! O fato é que recebo muitas perguntas sobre esse assunto, dentro das mais variadas dificuldades, por isso tive a ideia de falar sobre o tema.
Hoje a maioria dos estúdios de Pilates trabalham com dois tipos de padrão de aulas: privadas e em pequenos grupos (2 a 4 pessoas). Além disso, temos também duas linhas de trabalho (com múltiplas interpretações em cada uma delas) que irão propor maneiras de organização da estrutura de aula bem diferentes: os CLÁSSICOS e os CONTEMPORÂNEOS.
Essas diferenças serão marcadas em muitos aspectos:
⦁ Metodologia;
⦁ Intensidade;
⦁ Estrutura de aula;
⦁ Dinâmica de aula;
⦁ Didática de ensino;
⦁ Comando verbal;
⦁ Exercícios (Técnica, nomenclatura, execução, objetivos);
⦁ Equipamentos (padrão de medidas, molas, tipos de equipamentos, disposição dos equipamentos na sala, forma de utilização);
⦁ Técnica de movimento;
⦁ Objetivos a serem alcançados.
É impressionante mas parece que estou falando de coisas completamente distintas, e em todos os aspectos citados acima são mesmo, mas meu FOCO não é discutir sobre isso agora, mas sim como eu posso ajudar os Professores de Pilates, de qualquer linha de trabalho, a organizarem melhor suas aulas a partir de um entendimento da PERSPECTIVA CLÁSSICA dentro da Escola que se orienta pelos ensinamentos de Romana Kryzanowska.
Mas não fique triste se por um acaso você não trabalha com o Pilates Clássico, pois tenho certeza que mesmo assim eu posso te ajudar, de alguma forma, dentro da sua dinâmica de atuação!
Montando uma aula na perspectiva Clássica (Escola da Romana).
Para entendermos como se estrutura uma sessão de Pilates nessa perspectiva alguns pontos são importantes:
⦁ Entender o que é o método Pilates.
⦁ Entender quais estapas fazem parte de uma Aula de Pilates.
⦁ Entender qual é a função de cada equipamento dentro do método Pilates.
⦁ Saber avaliar a qualidade do movimento do seu aluno, suas caracteristicas individuais e suas necessidades.
Neste texto iremos abordar um pouco mais o primeiro ponto.
⦁ O Método Pilates
O primeiro conceito que deve estar bem claro para quem quer organizar suas aulas de Pilates é o significado da palavra MÉTODO:
“Conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigação da verdade, no estudo de uma ciência ou para alcançar um determinado fim” (Galliano, 1979)
No Clássico entendemos que Joseph Pilates criou um método, uma sistematização de etapas e processos, vamos ver como isso funciona?
Observe a figura abaixo, o que você vê?
Um processo de desenvolvimento da motricidade humana?
Sim, é isso mesmo, mas um olhar um pouco mais atento também pode ver uma estrutura de aula de Mat Pilates, por exemplo. Vou explicar melhor:
O Pilates é um método de trabalho que sistematiza movimentos de maneira com que a progressão das dificuldades na introdução de novos exercícios ocorre de modo coerente COM O NOSSO DESENVOLVIMENTO NEUROPSICOMOTOR.
Se você observar bem a figura acima vai ver que a primeira posição que a criança se encontra é a posição de ENROLAMENTO, em flexão, e que, com o passar do tempo, aos poucos ela vai adquirindo a maturação do seu sistema nervoso central para a conquista de novos movimentos, como as extensões, torções, quadrupedia, ficar em pé e caminhar.
Pois bem, tudo o que fazemos dentro do método Clássico é justamente isso, iremos RECONSTRUIR esse processo com nossos alunos de uma forma consciente e extremamente pedagógica. Por isso ensinamos o Pilates dentro de três sistemas bem definidos que buscam reconstruir todo esse processo:
– BÁSICO (fundação): Prioritariamente serão propostos movimentos de enrolamento, flexões, quadrupedia, apoios, pequenas introduções às extensões, trabalhos bilaterais e poucos movimentos de flexões laterais.
– INTERMEDIÁRIO (progressão): Entram as extensões; torções; Flexões laterais; os movimentos de joelhos; em pé, unilaterais (cadeia cruzada).
– AVANÇADO (atlético): Entram as combinações de movimentos em planos de direções diferentes, as hiper-flexões, hiper-extensões; as capacidades físicas de força e flexibilidade são mais exigidas, movimentos complexos e desafiadores.
Sendo assim as principais características da sistematização dos exercícios são:
⦁ Progressão de planos de movimento – Sagital (Flexões e extensões), Frontal (flexões latero-laterais), Transversa (torções).
⦁ Progressão das posições do corpo no espaço – deitado, quadrupedia, sentado, semi-joelhos, ajoelhado, em pé.
⦁ Progressão dos tipos de movimento: Flexões; extensões; flexões laterais; torções; hiperextensões; integração de movimentos. (Sendo o movimento do enrolamento a base para a organização dos movimentos subsequentes)
Quando entendemos essa organização intelectualmente e principalmente quando percebemos que isso faz sentido para o nosso trabalho, entra um outro nível de compreensão que deve preceder a sua aplicação com outras pessoas:
A TRANSFORMAÇÃO DO SEU PRÓPRIO CORPO COM O MÉTODO.
Uma Professora(or) de Pilates só tem LEGITIMIDADE para ensinar quando adquiri INTIMIDADE com o método! E ter um método de trabalho RESOLVE OS SEGUINTES PROBLEMAS:
⦁ Progressão didática e pedagógica de construção de movimentos. Do +++ fácil para o +++ difícil.
⦁ Pensamento prospectivo – o que eu dou hoje é pensando no amanhã!
⦁ Acaba com aquele problema de não saber o que dar ao seu aluno no dia seguinte. Por isso não precisa inventar!
⦁ Seu aluno percebe que você tem um método!
⦁ Você conquista RESULTADOS!!!!
⦁ Você constrói um padrão de atendimento no seu estúdio!!!
⦁ Acaba com aquele problema do seu aluno só querer fazer aula com uma professora pois a aula dela é diferente, mesmo que não seja Pilates!
⦁ Você tem em suas mãos ✋ ✋ uma linguagem comum a toda uma comunidade muito grande em qualquer lugar do mundo !
Conclusão:
O Pilates Clássico não é a verdade sobre o Pilates é apenas uma perspectiva que pode te ajudar na dinâmica das suas aulas pois se organiza dentro de uma construção e de processos que o TEMPO já VALIDOU e colocou à PROVA!!!
Ele funciona pois fala a língua do nosso SISTEMA NERVOSO CENTRAL!!
ALEX LUZZI
